Nos primeiros meses de 2020, o então ministro da Educação Abraham Weintraub manifestou o desejo de manter em novembro a realização do Enem, contrariando o desejo de alunos, professores e setores vinculados à área educacional, que entendiam que o prejuízo, especialmente para os alunos da rede pública, seria enorme, em função do fechamento das escolas por conta da pandemia e das dificuldades desses alunos em acessar o ensino remoto. Após consulta pública, como resultado da pressão social, a realização do Enem ficou para janeiro de 2021. O que ninguém imaginava, naquela oportunidade, era que estaríamos vivendo uma segunda onda da COVID-19, aparentemente mais contagiosa.
O resultado foi que o Enem sucumbiu, em termos de abstenção, diante da pandemia. Dos 5,5 milhões de inscritos, cerca de 3,1 milhões deixaram de fazer as provas. Isso corresponde a 55% de abstenção, muito longe da média histórica, que flutuava entre 30% e 25%. O resultado foi um desastre do ponto de vista de exclusão social, não obstante o esforço empreendido pela equipe do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) para realizá-lo em plena pandemia, que precisa ser reconhecido.
Fonte: Correio Braziliense – 04/02/21